
Entenda como funciona um consórcio de carros na prática
Com a taxa de juros dos financiamentos bancários nas alturas, o consórcio definitivamente se tornou a melhor alternativa possível para quem quer realizar o sonho de comprar o primeiro automóvel ou para quem deseja trocar de carro.
Apesar de ser uma modalidade de investimento em bens extremamente vantajosa e segura, ainda é pouco difundida no Brasil. Com isso em mente, preparamos um texto com tudo o que você precisa saber sobre como funciona um consórcio de carros.
Aqui você vai encontrar um passo a passo de como participar e vai descobrir que para desfrutar de todas as vantagens de um consórcio você precisará de apenas duas coisas: conhecimento e planejamento.
As vantagens de um consórcio de carros
O consórcio é hoje uma das formas mais acessíveis para quem quer comprar ou trocar de carro e, por isso, tem atraído cada vez mais a atenção do consumidor. Isso acontece, evidentemente, em razão das grandes vantagens que ele oferece.
Sem nenhuma sombra de dúvida, o grande vilão do consumidor de automóveis no Brasil é a elevada taxa de juro cobrada pelos bancos nos financiamentos dessa natureza. Sem contar que estamos falando de uma das mais elevadas taxas de juros do mundo.
Portanto, a grande vantagem em se participar de um consórcio automotivo é facilitar a aquisição do carro por meio do pagamento de pequenas e suaves prestações, porém, sem ter que gastar um único centavo com juros bancários, apenas o valor das parcelas e a taxa de administração da empresa responsável pelo consórcio.
Outra grande vantagem do consórcio é o parcelamento integral do automóvel, diferentemente dos tradicionais financiamentos, aqui o consumidor não precisa ter uma reserva em dinheiro para dar entrada no bem.
Por fim, não poderíamos deixar de falar da flexibilidade que o consórcio traz para os participantes. O consorciado pode, ao ser contemplado, adquirir um carro de outro modelo ou marca, desde que acerte a diferença de preço.
Pode, ainda, usar parte do valor de sua futura carta de crédito para dar um lance embutido e levar o carro na hora. O lance embutido é bastante útil para aquelas situações em que o consumidor tem urgência de poder contar com o carro e, em troca da rapidez em receber o bem, aceita receber um carro de menor valor.
Caso desista, por algum motivo, de participar, o investidor pode vender a sua participação no consórcio para outra pessoa que esteja interessado no automóvel em questão. Trata-se de uma operação sem maiores dificuldades, já que há muitas vantagens em entrar em um consórcio já em andamento.
A cada mês que se passa, aumenta a probabilidade de que o participante venha a ser contemplado por sorteio, uma vez que o número global de participantes ainda não contemplados diminui.
Isso nos leva a outra funcionalidade muito comum que os consórcios costumam ter: uma modalidade de investimento. O dinheiro convertido em parcelas do automóvel é monetariamente corrigido com o passar do tempo, o que já coloca o consórcio na frente da modalidade de investimento mais comum no Brasil: a caderneta de poupança.
Mas, além disso, podemos afirmar que a própria participação no consórcio é valorizada ao longo do tempo. Evidentemente, um comprador interessado no consórcio estaria disposto a pagar bem mais por uma participação com maior probabilidade de ser contemplado do que uma com menor probabilidade.
Enfim, como certamente o leitor já deve ter percebido, as possibilidades são muitas quando estamos falando de um consórcio de carros. E o mais importante de tudo é que o consórcio tem a capacidade de se adaptar às necessidades do consumidor, que certamente não se mantém inalteradas ao longo do tempo.
A lógica de funcionamento do consórcio
O consórcio nada mais é do que uma associação de pessoas ou organizações com o objetivo de unir recursos de modo a atingir uma finalidade em comum. Trata-se de uma legítima manifestação da chamada economia colaborativa, um conceito com o qual o brasileiro ainda não tem muita intimidade, mas que já proporciona os mais diversos benefícios nas vidas de muitas pessoas.
A economia colaborativa parte da ideia de que os consumidores podem unir os seus esforços por conta própria e se beneficiarem mutuamente apenas com a intervenção de uma administradora.
É exatamente isso que acontece em um consórcio. Um grupo de indivíduos com o mesmo objetivo, como comprar um automóvel, por exemplo, assinam um contrato com uma administradora para que possam realizar esse objetivo contribuindo com apenas suaves parcelas mensais.
Para entendermos o mecanismo por trás do funcionamento de um consórcio, vamos começar do zero. Imagine que um grupo formado por 60 pessoas queira comprar um automóvel que custa 30 mil reais. Para tanto, essas pessoas querem parcelar o pagamento do carro em 60 prestações, mas não estão dispostas a recorrerem a um financiamento.
Ora, se todos os meses os membros do grupo realizarem um pagamento de R$500,00, que corresponde a 1/60 do valor do carro, poderemos comprar um automóvel por mês, já que temos 60 participantes, certo? Obviamente ninguém quer dividir o seu carro com mais ninguém, por isso, a ideia é realizar um sorteio uma vez por mês e contemplar os participantes um a um.
Trata-se de uma alternativa que representa um meio termo entre dois extremos. De um lado, temos a possibilidade de economizar dinheiro todos os meses para, somente no final, adquirir o veículo à vista e, do outro lado, financiar o veículo, recebendo o bem logo na primeira parcela. Na primeira hipótese, temos o tempo jogando contra nós e na segunda certamente gastaremos muito dinheiro com juros.
Assim, o consórcio traz para o participante o melhor de dois mundos: não precisamos esperar até o final para usufruir dos benefícios e nem precisamos gastar muito dinheiro com encargos. Mas uma pergunta fica pendente: a quem devemos confiar a responsabilidade de realizar os sorteios e gerir os interesses dos participantes do consórcio?
Para que o consórcio não seja gerido pelos próprios participantes, causando toda sorte de aborrecimentos, eles são realizados por administradoras, isto é: empresas especializadas. Assim, temos um terceiro imparcial gerindo os interesses de todos os participantes. E mais: as administradoras são constantemente auditadas pelo Banco Central do Brasil, garantindo a lisura de todo o processo.
É bem verdade que o funcionamento de um consórcio é um pouco mais sofisticado do que o que acabamos de expor. No entanto, o objetivo aqui é apenas captar o espírito da coisa, compreendendo o porquê de o consórcio existir e como ele pode ajudar as pessoas a conseguirem conquistar o que desejam.
Os primeiros passos
O primeiro passo é procurar uma administradora que esteja devidamente autorizada pelo Poder Público a funcionar. Isso garante a imparcialidade do processo e também a segurança jurídica para todos os investidores.
Tendo encontrado a administradora, é importante que o interessado escolha o carro que deseja ter e leia atentamente as cláusulas contratuais, já que, como veremos mais para frente, muitos itens podem variar de contrato para contrato.
O consórcio em andamento
Na sequência, o interessado deve escolher se deseja participar de um consórcio desde o início ou se quer ingressar em um consórcio em andamento. A verdade é que as duas opções são extremamente válidas e tudo depende apenas do que for melhor para o consumidor. Na maior parte das vezes, entrar em um consórcio desde o início é mais barato e se você não tem muita urgência pelo carro, pode ser uma boa opção.
Entrar em um consórcio em andamento, por outro lado, costuma ser um pouco mais caro, já que temos que remunerar todo o tempo e o investimento nas parcelas feito por um terceiro, mas se você tem uma urgência maior pode ser melhor do que dar entrada num carro e financiar o restante ou entrar em um consórcio do início, já que as chances de ser contemplado pelo sorteio ou mesmo de dar um lance vencedor são muito maiores.
Ao entrar em um consórcio em andamento é importante que o participante procure se inteirar de tudo o que já aconteceu durante o processo antes que ele viesse a fazer parte do grupo. Buscar informações detalhadas sobre assembleias que já aconteceram é importante para acompanhar o processo de perto.
Os principais itens do contrato assinado
Há um conjunto de regras aplicáveis aos consórcios que estão previstas em leis e regulamentos expedidos pelo Poder Público e, portanto, valem para todos os consórcios realizados em todo o país. No entanto, também existe uma variedade grande de regras que são deixadas a critério das partes envolvidas — os participantes e a administradora —, de modo a atender melhor às suas necessidades.
Por isso, recomenda-se que o consumidor nunca opte por participar de um consórcio sem antes ler atentamente as principais cláusulas do contrato.
O contrato de consórcio é basicamente um documento em que ficam registrados todo o conjunto de direitos e obrigações que os participantes e a administradora tem uns com os outros. Obedecer a essas regras é muito importante para que o processo tenha fluidez.
Um dos principais itens que devem ser verificados no contrato antes de aderirmos ao consórcio é a quantidade e a periodicidade dos sorteios que serão realizados. Outra cláusula importante diz respeito a quantidade de membros de cada grupo, já que isso influenciará diretamente na probabilidade de contemplação.
O interessado em participar do consórcio deve estar atento também para as datas estipuladas para a realização dos sorteios, pagamento das parcelas, oferecimento de lances e realização de assembleias.
Essa variação nos termos dos contratos existe não para confundir o consumidor, mas para dar liberdade para as administradoras criarem uma variedade de produtos, capazes de atender diversas necessidades dos interessados.
Os pagamentos feitos ao longo do tempo
Alguns consórcios podem perdurar por até oito anos. Por isso, uma das dúvidas mais frequentes entre os interessados em participar diz respeito às condições em que serão realizados os pagamentos ao longo desse período.
A principal obrigação contratual do participante de um consórcio é efetuar o pagamento das parcelas dentro do prazo estipulado a cada mês que se passa.
É importante saber que o pagamento das parcelas mensais pode sofrer um reajuste. Isso não significa dizer que o valor da parcela pode aumentar de uma hora para a outra, não é isso! O objetivo do reajuste é simplesmente adequar os pagamentos à nova realidade dos preços que estão sendo praticados no mercado. Esses reajustes são necessários, já que o valor do automóvel em questão também está sujeito a reajustes por parte do fabricante.
Outra grande vantagem proporcionada por esses reajustes periódicos é a possibilidade de manutenção do poder de compra do dinheiro que já foi investido no pagamento das parcelas do consórcio. Isso beneficia o consorciado quando ele recebe o carro do ano, mesmo que o seu valor tenha aumentado ou quando resolve vender a sua participação para um terceiro, valorizando a sua cota.
Já falamos aqui que o consorciado não paga juros. No entanto, organizar um consórcio envolve realizar assembleias, tomar medidas judiciais contra os participantes que não honrarem com os seus compromissos, realizar a compra de todos os automóveis na medida em que os consorciados são contemplados, entre muitas outras coisas.
Assim, é devida uma pequena taxa para a remuneração da administradora, para que ela possa pagar os seus funcionários e trabalhar para manter a qualidade de todo o processo.
O pagamento das parcelas mesmo depois de ter sido sorteado
Como veremos mais para frente, existem duas formas pelas quais o participante pode ser contemplado com o carro em um consórcio: por meio do sistema de lances ou, ainda, ao ser sorteado.
Acontece que ser contemplado com o automóvel não significa dizer que a dívida com o bem está quitada. O investidor deve continuar realizado os pagamentos em favor do consórcio, para que os outros participantes que ainda não foram contemplados possam ser sorteados.
A não realização do pagamento
Para que todo o grupo possa ser beneficiado do consórcio é necessário que a administradora tome medidas para assegurar que os membros paguem as parcelas em dia. Assim, geralmente quando algum membro atrasa as parcelas há incidência de juros e multa, de modo a desestimular a inadimplência.
Caso o participante atrase muitas parcelas, algumas medidas mais duras podem ser tomadas, como a sua exclusão do grupo. Caso o consorciado já tenha sido contemplado, a administradora pode buscar medidas judiciais no sentido de apreender o automóvel.
Vale lembrar que se o consorciado estiver tendo dificuldades para pagar as parcelas do carro, poderá procurar a administradora para aproveitar os pagamentos já realizados em favor de outro bem mais barato, diminuindo, consequentemente, o valor das parcelas. Outra opção é solicitar a sua exclusão do consórcio. Nesse caso, o consorciado, geralmente, paga uma multa e deve esperar ser sorteado para resgatar o dinheiro já investido.
Os grupos e os lances do consórcio
Chamamos de grupo todas as pessoas que participam do mesmo consórcio. Isto é: as que concorrem entre si com o objetivo de serem contempladas com o automóvel pactuado no contrato, seja por meio do sorteio ou do sistema de lances do consórcio.
O sistema de lances existe como uma segunda possibilidade de ser contemplado com um carro, além, é claro, do sorteio. Imagine se bem no meio do consórcio a sua situação financeira muda e você já tem condições de adquirir um carro sem precisar do consórcio.
É por isso que além dos sorteios periódicos, também se abre a possibilidade de contemplação por meio de um sistema de lances. O funcionamento desse sistema é bastante simples: de tempos em tempos, a administradora do consórcio abre a possibilidade de todos os participantes submeterem lances para a aquisição do carro, sem necessidade de sorteio. Em lances livres, quem der mais, leva! Simples assim.
Imagine, por exemplo, que você esteja participando de um consórcio para adquirir um carro no valor de 60 mil reais. Imagine, ainda, que você já tenha pago 20 mil em parcelas e tenha 30 mil reais em mãos. Nesse caso, você pode dar um lance no valor de 30 mil reais e depois continuar pagando as parcelas até completar os 10 mil que ficaram faltando.
Mas, atenção: para fazer um lance e já sair com as chaves do carro na mão é preciso sair vencedor, ou seja, o lance dado deve ser o maior dentre todos os lances dados por todos os membros do seu grupo. Ainda aproveitando o exemplo anterior, se algum participante der um lance de 35 mil reais, nosso lance de 30 mil não será o lance vencedor.
De forma geral, existem dois tipos de lances — o fixo e o livre. O primeiro, contempla o consorciado que formalizar a oferta de um percentual fixo de seu crédito — que é definido em contrato. Ocorrendo a oferta de mais de um lance fixo na mesma assembleia, o selecionado para contemplação será definido pela pedra-chave do sorteio.
O consorciado que faz um lance e que não consegue ser o maior de todos, em um lance livre, evidentemente não perde o dinheiro dado na transação. Ele pode esperar até que uma nova rodada de lances seja aberta para fazer outro lance com o mesmo dinheiro na expectativa de, dessa vez, sair vencedor.
A contemplação de cada participante
Já tivemos a oportunidade de esclarecer que os consorciados podem ser contemplados de duas formas diferentes: oferecendo um lance vencedor ou sendo sorteado. Isso significa dizer que, eventualmente, todos os participantes serão contemplados. A única variante aqui é o tempo.
Assim, a preocupação de um consorciado não é “se”, mas “quando” será contemplado com o carro. E além de contar com a sorte, o participante do consórcio também tem algum controle a respeito do momento em que será contemplado, graças à possibilidade de poder oferecer lances, para a retirada imediata do automóvel.
Tendo sido sorteado ou se sagrado vencedor com o seu lance, o consorciado recebe uma carta de crédito para que possa realizar a compra do carro. Ele se dirige até a concessionária e utiliza a sua carta de crédito para adquirir o veículo e o pagamento é feito diretamente da administradora para o vendedor.
A segurança dos sorteios
É natural que vejamos com alguma desconfiança a metodologia de sortear os contemplados, no entanto, os sorteios são extremamente seguros, já que são acompanhados e auditados pelas autoridades públicas. Além disso, a administradora de consórcios vive de sua reputação. O dia que perder a confiança de seus clientes, ela certamente fechará as portas.
O uso da carta de crédito para a compra do carro
Uma das principais dúvidas de quem tem interesse de participar de um consórcio diz respeito à utilização da carta de crédito. Na verdade, o tema não tem mistério algum e trataremos de explicar todos os detalhes ao longo deste capítulo.
Quando o consorciado é contemplado, ele não recebe diretamente as chaves do carro e nem o valor correspondente em dinheiro. Em vez disso, ele recebe a chamada carta de crédito.
Todo o procedimento de pagamento do carro é realizado pela administradora do consórcio. O participante contemplado por sorteio ou lance vencedor deve se dirigir até a loja e escolher o carro que deseja, acertando todos os detalhes, como cor da pintura e adicionais.
Vale lembrar que se o participante optar por adicionais que não haviam sido previamente pactuados, como bancos em couro ou vidros elétricos, deve tirar a diferença do próprio bolso, já que o valor certamente excederá o limite da carta de crédito.
O comprador pode, inclusive, escolher outro modelo de carro e até mesmo um carro de outro fabricante. Não poderá, no entanto, usar a carta de crédito para comprar outro bem, como um terreno.
Quando chegar o momento de concluir a compra e realizar o pagamento, o comprador deve apresentar a carta de crédito e o pagamento é feito diretamente pela administradora em favor do vendedor do carro.
Se o modelo escolhido for, por outro lado, mais barato, o consorciado poderá usar a diferença do que pagou a mais para quitar parcelas do próprio consórcio ou, ainda, para pagar o IPVA ou o seguro do veículo, por exemplo.
Em conclusão, podemos afirmar que o consórcio de veículos é uma excelente opção para quem quer fugir das elevadas taxas de juros dos financiamentos bancários e também não tem o dinheiro na mão para realizar a compra à vista.
Muito por conta disso, os números não param de crescer quando o assunto é aquisição de bens pelos consórcios. É uma boa ideia não apenas para quem quer comprar o primeiro carro, mas também para quem quer começar a se planejar para trocar de carro daqui a alguns anos.
Muitas empresas também têm recorrido aos consórcios como uma forma de planejar a ampliação e a manutenção de suas frotas sempre com o que há de mais moderno no mercado.
Por fim, não poderíamos deixar de salientar que o consórcio também vale a pena para quem quer investir, garantindo a integridade do poder de compra do dinheiro ao longo do tempo e remunerando o investidor que decide vender a sua cota no consórcio depois de um período.
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